quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Carta para o Artur (um recluso que o MTA de Elvas apoia)



Olá, Artur!
Espero que esteja bem de saúde e que continue a ter a Força e a Esperança que o caracteriza!
Sabemos que a sua vida não é fácil, mas queríamos que soubesse que continua nos nossos corações e que pedimos a Deus que o ajude a aceitar e a encarar o melhor possível o seu dia-a-dia.
Há já alguns anos, quando também passei uma fase difícil escrevi este pequeno poema, que me dava alento quando eu estava muito triste e só. Nunca se esqueça que todos nós temos o nosso Anjo da Guarda…

Anjo

Agradeço-Te, Senhor
Esta graça
Inexorável,
Maravilhosa
Abençoaste o meu caminho.
Salvação
É o seu nome
Sabedoria
A sua virtude
Alvas, as suas vestes
Candura
A sua estrutura
Anjo, diria
Meu guia
Certamente!
No olhar,
um brilho,
uma profundidade
única, própria da sua bondade.
Paz de espírito
Um tapume de flores
Branquinhas,
Com uns salpicos amarelos
O céu,
um oceano azul,
imenso,
lindo,
brilhante.
A vida,
O sol radioso,
Brilhante,
Iluminado por Ti, Senhor!

Um abraço

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pensamento do dia...


Na vida é preciso correr riscos, na procura inebriante da sabedoria.

Cada um deve descobrir qual o momento ideal para soltar amarras e vislumbrar outros horizontes...

Um conto de Natal (de Paulo Coelho)


A música que vinha da casa

Como sempre fazia na véspera de Natal, o rei convidou o primeiro ministro para um passeio. Gostava de ver como enfeitavam as ruas – mas para evitar que os súditos exagerassem nos gastos com o objetivo de agradá-lo, os dois sempre se disfarçavam com roupas de comerciantes que vinham de terras distantes.
Caminharam pelo centro, admirando as guirlandas de luz, os pinheiros, as velas acesas nos degraus das casas, as barracas que vendiam presentes, os homens, mulheres e crianças que saiam apressados para juntar-se a seus parentes e celebrarem aquela noite em torno de uma mesa farta.
No caminho de volta, passaram pelo bairro mais pobre; ali o ambiente era completamente distinto. Nada de luzes, velas, ou o cheiro gostoso de comida pronta para ser servida. Não se via quase ninguém na rua, e como fazia todos os anos, o rei comentou com o ministro que precisava prestar mais atenção aos pobres do seu reino. O ministro acenou positivamente com a cabeça, sabendo que em breve o assunto estaria de novo esquecido, enterrado na burocracia cotidiana, aprovação de orçamentos, discussões com emissários estrangeiros.
De repente, notaram que de uma das casas mais pobres vinha o som de uma música. O barraco mal construído, com várias frestas entre as madeiras apodrecidas, permitia que vissem o que se passava lá dentro, e era uma cena completamente absurda: um velho em uma cadeira de rodas que parecia chorar, uma jovem completamente careca que dançava, e um rapaz de olhar triste que tocava um tamborim e cantava uma canção do folclore popular.
- Vou ver o que está acontecendo – disse o rei.
Bateu à porta. O jovem interrompeu a música e veio atender.
- Somos mercadores em busca de um lugar para dormir. Escutamos a música, vimos que ainda estão acordados, e gostaria de saber se podemos passar a noite aqui.
- Os senhores encontrarão abrigo em algum hotel da cidade. Infelizmente não podemos ajudá-los; apesar da música, esta casa está cheia de tristeza e sofrimento.
- E podemos saber por que?
- Por minha causa – era o velho na cadeira de rodas que falava. – Durante toda a minha vida, procurei educar meu filho para que aprendesse caligrafia, de modo a ser um dos escribas do palácio. Entretanto, os anos se passavam e as novas inscrições para o cargo jamais foram abertas. Até que esta noite tive um sonho estúpido: um anjo aparecia e me pedia para que comprasse uma taça de prata, já que o rei iria me visitar, beber um pouco, e conseguir emprego para o meu filho.
“A presença do anjo era tão convincente que resolvi seguir o que dizia. Como não temos dinheiro, minha nora foi hoje de manhã até o mercado, vendeu seus cabelos, e compramos esta taça que está ai na frente. Agora eles tentam me alegrar, cantando e dançando porque é Natal, mas é inútil”.
O rei viu a taça de prata, pediu que servissem um pouco de água porque estava com sede, e antes de partir, comentou com a família:
- Que coincidência! Hoje mesmo estivemos com o primeiro ministro, e ele nos disse que as inscrições seriam abertas na semana que vem.
O velho acenou com a cabeça, sem acreditar muito no que ouvia, e despediu-se dos estrangeiros. Mas no dia seguinte, uma proclamação real foi lida por todas as ruas da cidade; procuravam um novo escriba para a corte. Na data marcada, o salão de audiências estava cheio de gente, ansiosa para competir por tão cobiçado cargo. O primeiro ministro entrou, pediu que todos preparassem seus blocos e canetas:
- Eis o tema da dissertação: por que um velho homem chora, uma mulher careca dança, e um rapaz triste canta?
Um murmúrio de espanto percorreu toda a sala: ninguém sabia contar uma história como essa! Exceto um jovem com roupas humildes, em um dos cantos da sala, que abriu um largo sorriso e começou a escrever.
(baseado em um conto indiano)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Escutar para Intervir


O projecto: "Escutar para Intervir" foi criado por mim, na EBI de Vila Boim para atendimento de alunos que sintam alguma dificuldade, sofrimento, ansiedade ou desajustamento na comunicação, numa atitude de escuta activa, tentando compreender a sua problemática, criando um clima de confiança e diálogo.
Atendo os alunos num gabinete da escola, 2 vezes por semana, funcionando como mediadora na ajuda da resolução de conflitos e no encaminhamento para o serviço de psicologia ou outro mais adequado, permitindo identificar factores de risco e definir acções de melhoria para intervir oportunamente junto desses alunos.
Associado a este projecto temos o blog: agvilaboim-escutarparaintervir.blogspot.com

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SOLUA


A Branquinha é uma gata branca, roliça, muito simpática e risonha. No entanto, é um pouco diferente das outras gatinhas, nasceu com uma patinha a mais…
A princípio, não entendia porque os outros gatinhos não brincavam com ela no jardim. Mas, depois, pouco a pouco percebeu que se afastavam dela porque tinha essa “diferença” dos outros. E, chorava no seu cantinho …
- Porquê?!- perguntava-se. Os outros gatinhos também eram todos diferentes uns dos outros: uns eram castanhos, pretos, com manchas, uns eram verdadeiras “bolinhas” de pêlo, outros mais esguios, uns tinham o nariz arrebitado, outros a cauda grande e peluda…
Então, começou a isolar-se, arranjou um esconderijo, numa garagem pouco usada pelos donos e, ali, passava os dias enrolada num cestinho velho, onde se aconchegava. Sentia-se triste e angustiada, não tinha ninguém com quem partilhar o que sentia.
Quando queria apanhar um pouco de ar fresco, saía só à noite, para não encontrar ninguém.
Um dia, ouviu uma voz:
- Porque estás tão triste, gatinha? - perguntou-lhe a Lua
-Sinto-me sozinha…Não tenho ninguém com quem brincar e conversar… - lamentou-se Branquinha
- Agora, já tens aqui uma amiga, eu sou a Lua e, tu, como te chamas?
- Sou a Branquinha.
- Olha! Por acaso, já reparaste que eu também estou sozinha neste céu imenso?
- Pois é! Não te sentes sozinha?
- Não! Tento concentrar-me mais nas coisas positivas, sabes?
- Como, que coisas positivas?
- Olha, por exemplo, que sou muito brilhante e ilumino a Terra, durante a noite!
- Pois é, nunca tinha pensado nisso…
- E se reparares bem, não estou sozinha…Olha bem para o céu, que vês?
- Vejo-te só a ti…
- Olha com atenção!! Não vês aquelas estrelinhas a brilhar?
- Ah! São tão pequeninas, que nem tinha reparado!
- Estás a ver? É preciso estar com muita atenção para conseguirmos ver os outros, mesmo os mais pequeninos. Por isso, tu tens que sair durante o dia para descobrires outras coisas que não podes apreciar se estiveres isolada no teu canto. Prometes que amanhã, dás uma voltinha durante o dia?
- Vou tentar…
- Boa!! Então encontramo-nos um dia destes à noite, para me contares as novidades.
- Está bem! Obrigada pelo apoio!
No dia seguinte, de manhã bem cedo, Branquinha saiu da garagem. Decidiu que, a partir deste dia iria tomar atenção às pequenas coisas, como a sua amiga Lua lhe tinha aconselhado. Respirou fundo e viu que estava uma linda manhã de sol! Ouviu os passarinhos e resolveu ir dar uma volta pelo campo. As flores tinham umas cores tão bonitas, a relva tinha um aroma tão fresco! Pela primeira vez em bastante tempo, sentia prazer em estar na rua, sem vontade de se esconder.
Foi então, que ouviu:
-Olá! Que andas a fazer por aqui?
- Olá, eu sou a Branquinha e ando a passear. E tu, como te chamas?
- Eu sou o Sol, sou amigo da Lua.
- A sééério? Eu também sou amiga dela! Chamo-me Branquinha.
- Pois, eu já sabia! Hoje quando ela saiu do serviço ao fim da noite e eu entrei, ao princípio da manhã, ela contou-me a tua história…
- Pois!… Não é uma história muito alegre…
- É uma história como as outras, Branquinha! Todos nós, temos os nossos dias melhores e outros piores…Todos temos uma face escura e outra clara.
- Como é isso possível?!
- É muito simples: todos temos uma parte triste e uma parte alegre, uma escura e uma clara, como os dias e as noites, o Sol e a Lua. Mas essas duas faces, complementam-se! É assim também com todos os seres. Somos todos diferentes, mas há sempre um que nos complementa e nos preenche!
- Nunca tinha pensado nisso…
- Pois é. Mas agora que já estás desperta para esta verdade tão simples, tens que viver a vida alegremente e com gosto e vais ver que tudo muda para melhor!
- Obrigada, meu amigo Sol. Tu e a Lua são os meus melhores amigos!
- E somos tão diferentes, já viste?
- É verdade, nunca mais me vou esquecer disso!
A partir desse dia, a vida de Branquinha nunca mais foi a mesma. Como gostava muito de escrever, começou a ir para o jardim, para se inspirar e fazia poemas lindíssimos. Já não se importava com o que os outros pensariam dela. Vivia tranquila e feliz.
Certo dia, enquanto escrevia, aproximou-se um gato, grande e negro como a noite e não tinha cauda. Trazia consigo uma paleta com cores variadas, um pincel e uma tela.
- Que estás a fazer? -perguntou-lhe o gato. Eu chamo-me Preto -
- Eu sou a Branquinha! Estou a escrever poemas sobre a Natureza – respondeu-lhe a gata.
- Que interessante! Eu também gosto da Natureza! Por isso, venho para aqui fazer as minhas pinturas.
E um brilhozinho especial inundou os olhos dos dois gatos…Começavam a apaixonar-se!
A partir daí, tornaram-se inseparáveis! Branquinha escrevia os poemas e Preto ilustrava-os. E assim, publicaram um livro, que era um testemunho que as suas potencialidades se complementavam.
Os dois gatinhos casaram, tiveram uma filhota, a SOLUA e foram felizes para sempre!!!

domingo, 26 de abril de 2009

Sobre a Beatriz...

Em meados de Março deixei aqui um breve apontamento sobre Beatriz, a filhota da minha ex-aluna. Já tive a oportunidade de a conhecer: é uma bebé fofa, rechonchuda e com um sorriso cativante.
Comentei com várias pessoas sobre este caso e, quero agradecer a todos os que se têm disponibilizado para ajudar a bebé e a sua jovem mãe.Assim, se criou uma pequena rede de solidariedade em torno da Beatriz. É tão fácil ajudar, basta um simples gesto...
A todos, muito obrigada!!!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Viagem ao centro da alma esquecida...


No dia 1 de Abril, dia das mentiras, estive confrontada comigo própria, com as minhas meias-verdades ou inverdades...Fiz terapia quântica e, ao longo de duas horas, vi toda a minha vida passar, umas vezes lentamente, outras a uma velocidade atroz!...
O abandono, a luta interior, o fundo do poço e eu mergulhada no silêncio das coisas indizíveis...um grito silencioso tenta trepar pela garganta, mas sufoca-me a existência plena das perplexidades, a perdição...Sim, porque antes de tudo, sinto-me perdida, enredada na rede que eu mesma teci para me esconder do mundo real.
A apatia toma conta de mim e, deixo-me ir...e o marasmo do dia-a-dia baralha-me...uma chuva de ideias e de intempéries sacodem a minha alma!
Tudo o que parecia conjugar-se no puzzle central da minha vida, apresenta-se disforme, disfuncional, inútil! Os silêncios incomodam-me! Os sons provocam-me desconforto!
Perco-me dentro de mim, os medos, as angústias, um labirinto sem fim...procuro a saída, uma saída...tropeço nos muros da minha personalidade, no inesperado das minhas falhas!
Em posição fetal, alheio-me do exterior, mergulho no líquido amniótico das fragilidades e deixo-me inundar pela escuridão genética da depressão, que me acompanha e não me deixa progredir...procuro a saída, a luz que me purifique, lua, sol, chuva, estrelas, firmamento!...

domingo, 15 de março de 2009

Beatriz


Há pouco tocou o telemóvel. Achei estranho uma chamada de um número fixo desconhecido.
Atendi, algo apreensiva. Afinal, era a Maria (chamemos-lhe assim), uma miúda que foi minha aluna há três anos e que, curiosamente, faz anos no mesmo dia que eu. Fiquei contente de a ouvir, pois já há algum tempo que não sabia nada dela. A Maria apresentava necessidades educativas especiais e vivenciou problemas muito complexos, a nível familiar e económico. É uma rapariga meiga, tímida e muito carente.
Estabeleci com ela laços afectivos, aliás como com todos os outros alunos que vivem situações dramáticas, de grande sofrimento e ambivalência.
Presentemente, já não frequenta a escola e ligou-me para dizer que já tem uma filha!...Fiquei alguns segundos sem palavras...Nasceu a Beatriz e vive em casa do pai com a bebé.Se antes, a situação familiar já era complicada, imagino agora com mais uma boca para alimentar...Não sei se ela terá noção plena do que se está a passar, realmente na sua vida... Que incertezas e ansiedades povoarão o seu coração?!...Que interrogações inundarão a sua alma?!...
Amanhã ligo-lhe para ver se posso ajudá-la de alguma forma...Para ela um grande beijinho de força e de coragem nesta nova fase da sua vida!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A minha filha foi para longe...













Um toque vindo do computador põe-me os nervos em franja...É a melga!!corro a tentar ligar a câmara e os phones, mas a inabilidade e a ansiedade atraiçoam-me...finalmente, vejo-a e falo, mas falo mecanicamente, e, de repente, como se me olhasse num espelho,vejo-me a mim própria e, descubro o sofrimento que me assalta a alma!
O que parecia ser simples, tornou-se mais complexo, o que julgava organizado e resolvido dentro de mim, transformou-se num caos...Vi os seus olhinhos tristes a tentarem esboçar um sorriso de plástico, não sentido, que me confrontou com a tristeza que me envolve por não a poder abraçar, por não poder sentir o seu cheirinho quando acorda, que parece não se ter alterado desde criancinha...
Mas,este turbilhão de sentimentos tem que ser ultrapassado, temos que inverter as dúvidas e anseios!Encarar os momentos menos bons como trampolins de aprendizagem sobre a nossa verdadeira essência, as fragilidades e as incongruências do ser...o ser e o não-ser, onde acaba o "eu" e começa o "outro"...ideias que se atropelam na minha cabeça, sentimentos que me baralham o coração...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Momentos

Assim inicia um pequeno romance que escrevi, mas que permanece na gaveta...
"Sou uma mera observadora dos outros. Assim consigo entender melhor algumas das minhas próprias reacções.
Maneiras de ser diversas, interiores muito diferentes. Aspectos exteriores cada vez mais exuberantes, na tentativa de ser diferente, especial. É a procura do inatingível, do inalcançável, tentando mostrar algo que, na realidade não existe.
No entanto, embora se tente camuflar o que nos vai no coração, os olhos serão sempre “o espelho da alma”..."

E estas são as últimas linhas do mesmo romance:
"É amando que encontramos o sentido verdadeiro da vida, é ouvindo a voz do coração que conseguimos entrar em sintonia com o nosso interior e com os outros. São esses momentos que ficam, tudo o resto passa!"

Talvez, um dia, tenha a coragem de o editar...Quem sabe?

sábado, 10 de janeiro de 2009

sou eu...

amizadetatuada partilha alquimiadavida luz energia essência consciência luta peaceandlove god/good paixão loucura reciprocidade magiadoamor lugares/pessoas olhares/silêncios poesia/alma filhospaismarido sorrirpensarsonhar mar/planície alentejolisboeta desafio dar/receber esperaracreditar estaraoladodosmaisfracos partir/viajar escreverescreverescrever corpoalmaespírito dúvidas/intenções dianoite solua estrelinhasquebrilham horizontesperdidosonhados mais...mais...mais...