domingo, 25 de julho de 2010

O meu romance:"Momentos Quase (Im)Perfeitos"


«Sou uma mera observadora dos outros. Assim consigo entender melhor algumas das minhas próprias reacções.»

É assim, com um olhar repleto de inteligência e sensibilidade, que a narradora deste livro — uma mulher de 35 anos, insatisfeita como tantas, com uma vida que sente despojada e vazia de verdadeiro amor — se nos dirige. Revisitando memórias de um diário antigo que ilumina a infelicidade cada vez mais presente nos seus dias, apoiando-se em amigos, em terapeutas, nos filhos que são o esteio que a impede de mergulhar no desespero, Ana, como tantas outras Anas deste mundo, é tida por uma “mulher forte”, mas sente-se insuportavelmente só.

E no entanto, esta é mesmo uma daquelas mulheres sobre quem Elis cantava, dizendo terem «a estranha mania/de ter fé na vida»: uma mulher que merece amar e ser amada e por isso não se entrega. E nos fala, desassombrada, no que sente por dentro e por fora, na alma e no corpo que desperta, finalmente, com a descoberta da paixão.

Uma mulher com raça e com doçura, «como outra qualquer do planeta», como Claudina Brito, escritora e mulher de paixões determinadas.

Ana Pereirinha

"Momentos Quase (Im)Perfeitos"


Esta foi a mensagem que passou no Ticker da SIC Notícias,em meados de Julho, como divulgação do romance que lancei, no dia 19 de Junho, na EBI de Vila Boim.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Respirar

"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"

Pablo Neruda

domingo, 21 de março de 2010

Quimera

Voz autêntica, singular
Ironia da familiaridade
Incontornável tom confessional
Os tempos das quimeras,
Das comuns ilusões
Regressou!
A alquimia do verbo
Faz-se carne!
A força precária da razão
Impotente,
Luta desprovida de significado
Procura insistente
Precários sentidos
Escava na ambiguidade
Num tom desapiedado
O encontro da ambivalência,
Turbulência traiçoeira
Numa inquirição sem fim:
Que fazer?
Continuar?
A perturbação a invadir
O terraço da existência
Inegável força do sangue
A pulsar nas veias
Particularmente exaltado,
Excitado…
O limiar
Do humanamente
Possível
Enigma do sentir,
Jogo do amor
Morrer de prazer!
A entrega
Lugar privilegiado
Da aprendizagem da vida
A procura de significados
Improbabilidade do ser
Dilacerante perturbação
Escolha do caminho
A incerteza do desconhecido
Vence a certeza do real.

domingo, 14 de março de 2010


Somos tão pequenos e limitados. No entanto, se aceitarmos este facto com naturalidade, essa verdade deixa pura e simplesmente de nos limitar. Nesse momento, acedemos a um nível mais elevado da consciência e libertamo-nos de preconceitos e tudo o mais que não nos deixa agir de acordo com a nossa essência.
Quando sofremos um stresse, seja físico ou psícológico, somos obrigados a mergulhar, bem fundo no nosso interior. Quando conseguimos "ver" que somos efémeros, verificamos que a nossa verdadeira essência é ser veículo de algo superior. Ao aceitarmos verdadeiramente essa condição, a paz interior inastala-se. Já não necessitamos de nos preocupar com o desenrolar das situações, pois há coisas que nunca conseguiremos controlar. Como o ciclo do dia e da noite. O sol e a lua...

quarta-feira, 10 de março de 2010


"Um romance é como um arco de violino, a caixa de ressonância é a alma do leitor"

Stendhal

domingo, 7 de março de 2010

Quero chamar a Primavera!


Hoje, finalmente, o sol raiou por entre as nuvens.
Há cerca de três meses que chove, quase sem descanso. O cinzento do céu instala-se no nosso coração e invade-o de uma nostalgia, quase depressiva. Nostalgia dos dias radiosos, do trinar dos passarinhos, dos aromas silvestres...
Mas, hoje, a temperatura amena e o sorriso do sol, breve, mas retemperador, animou-nos a alma, aqueceu-nos o coração! Sinais imaculados da chegada do tempo primaveril. Mais solto, mais colorido, mais leve!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Escrever...

No fado da vida
A escrita é um prazer, uma aventura
É o bálsamo de uma alma pura
Que esvoaça por aí,
À procura de alento
Para a vida futura.
Escrever…
É um parêntesis
Na existência rotineira
Quiçá pouco verdadeira…
O sonho comanda a vida…
É devoção apetecida,
Libertação
Nesta corrida
Que é a vida.
Preciso deste sonho!
Escrever
Para comandar o meu viver!
É um olhar diferente
Sobre a realidade,
É mergulhar, de repente,
Na irrealidade.
Ao escrever,
Ganho asas
E voo..
Não paro para pensar,
Não penso parar
Só quero voar!
Explodir de raiva,
Estremecer de prazer.
Que importa?
Só quero sonhar, viver!
Amar verdadeiramente!
A escrever, sonho,
Amo, plenamente!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Corpos


Corpos incandescentes
Vibram!
Uma cadência aliciante,
Estonteante!
Sangue quente
Que corre nas veias,
Desenfreado…
Carícias, beijos
Tentam encontrar
A justaposição das almas,
As essências que se procuram
Leitos dos rios
Que se confundem
Lava, vulcão…
Corpos clandestinos
Numa entrega sem tréguas
O sabor da carne,
O turbilhão de emoções,
Sentimentos à flor da pele
Odores, suor…
Tudo se mescla!
E, a fome continua…
Num frenesim, sem fim…
Os corpos insaciáveis!